segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O lobo solitário



O lobo solitário

Esta noite, pela madrugada

Ouvi uma melodia encantada,

Da chorosa guitarra de um trovador.

Foi cantando em sentidas quadras,

Repletas de palavras magoadas

A história de um caso de amor.

Segundo a lenda rezava,

Um pobre lobo solitário

Vivia o mais triste dos fados.

Apaixonou-se pela lua,

Sonhava-a como se fosse sua

E tinha o coração em pedaços.

Correndo à noite pelos montes,

Todos os ribeiros e fontes,

Na esperança de poder tocar-lhe.

Tal era o amor que sentia,

Que mal via raiar o dia

Na sua toca se refugiava.

E quando a noite chegava,

Para a sua amada, ele corria.

Perdido na sua doce loucura,

Cansado de tanto tentar,

Percebeu que à sua bela Lua

Jamais se poderia juntar...

Perdido no seu desespero,

Sentindo apenas a dor,

De não ter seu grande amor,

Ficou-se no monte a chorar...

No uivar rouco trazia os gemidos,

E os versos mais sofridos

De um coração magoado.

Seus lamentos de tão sentidos,

Tão intensamente vividos,

Giraram o mundo inteiro.

E tanto descontentamento,

Tocou bem fundo na alma

De todos os seus companheiros.

Desde então que pelos montes

Não mais teve fim este legado:

Os lobos seguem uivando à lua,

Como que esconjurando o calvário

De um amor desafortunado...

A história do lobo solitário.


Paula Correia


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