Hoje perdi o meu sonho amado.
Deixei-me morrer em solo sagrado,
Como quem procura santificar a dor.
A vida foge-me entre os dedos
E eu a vê-la passar entre arvoredos,
Com a passividade de um lago.
Sou como a ovelha desgarrada.
Perdeu-se do rebanho, mais nada…
Bebi mágoas em pétalas de rosa!
Deixei passar o tempo mudo,
Pensava que o amor era tudo,
Ia recortando luas de papel.
Tinha tanta sede de viver,
Que imaginava que sofrer
Não era mais que sentir dor.
E assim se apagaram estrelas,
Aos santos se acenderam velas,
Inventou-se uma fé qualquer!
Nos olhos escuros, magoados,
Semeei lágrimas nos beirados,
Na esperança de voltar a sentir.
E a criança que dentro deles mora,
Por vezes, pergunta-me e chora:
“Oh, Paula! Porque não voltas a rir?”
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