sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Paula




Hoje perdi o meu sonho amado.

Deixei-me morrer em solo sagrado,

Como quem procura santificar a dor.

A vida foge-me entre os dedos

E eu a vê-la passar entre arvoredos,

Com a passividade de um lago.

Sou como a ovelha desgarrada.

Perdeu-se do rebanho, mais nada…

Bebi mágoas em pétalas de rosa!

Deixei passar o tempo mudo,

Pensava que o amor era tudo,

Ia recortando luas de papel.

Tinha tanta sede de viver,

Que imaginava que sofrer

Não era mais que sentir dor.

E assim se apagaram estrelas,

Aos santos se acenderam velas,

Inventou-se uma fé qualquer!

Nos olhos escuros, magoados,

Semeei lágrimas nos beirados,

Na esperança de voltar a sentir.

E a criança que dentro deles mora,

Por vezes, pergunta-me e chora:

“Oh, Paula! Porque não voltas a rir?”



(A beleza do meu Ser - Corpos Editora)

Sem comentários: